sábado, 31 de agosto de 2013

2# Irlanda

Tanta coisa... nem sei por onde começar...

Se existe algo que eu aprendi é que o arrependimento é inversamente proporcional à convicção e para tudo o que é inversamente proporcional, ao nos aproximarmos do infinito por um lado, a tendência do outro é o zero...

Zero arrependimento, isso sim! Pois a convicção de ter feito a coisa certa e dar inicio à corrida maluca tende ao infinito.

Dublin é uma delicia. Confesso que nem sabia direito o porque da minha atração por esta terra, serio mesmo, não conhecia absolutamente nada e continuo sem conhecer muita coisa, afinal, passaram-se apenas 10 dias desde que cheguei de Portugal.

Já brinquei com o fato de todos os “Irish” serem mais simpáticos e alegres que os ingleses por provavelmente estarem bêbados o dia inteiro, mas o fato é que esse povo é bacana mesmo.

Na Inglaterra eu morei em 2007 e foi raro bater babo com inglês. Não estão nem ai pra gente.

Pulando um pouco pros acontecimentos de hoje, por exemplo, uma senhorinha muito simpática me parou no meio da trilha em Howth pra explicar o que eram as blackberries que ela esta colhendo no caminho (eu perguntei se eram comestíveis) e quando soube que eu era do brasil, me disse que são parecidas como nossas amoras (ela conheceu alguem do Brasil em algum momento), me passou uma receita de geleia caseira com maças, me ensinou a conserva-las no freezer e ficamos de papo alguns minutos.

Uma graça!

Todos perguntam de onde você é e ficam sinceramente interessados. Conversam e te tratam como gente.

To adorando isso aqui.

Mas voltando pro começo. Cheguei segunda feira dia 19 de agosto em Dublin. Meu amigo irmão Tiago, que mora por aqui há três anos, foi me buscar no aeroporto e no primeiro dia nos encontramos com o Rafael, um camarada de Curitiba também e aproveitamos a promoção de pint de Guinness por 2 euros em um bar. Coisa boa demais... e a Guinness aqui é diferente MESMO.

No dia seguinte dei umas voltas a pé pela cidade pra começar a me localizar sem nenhum compromisso, mas com a programação de no dia seguinte começar a me mexer pra arrumar um trabalhinho e pagar as contas.

Cedo na quarta feira fui tirar meu PPS que é como o CPF no Brasil e sem o qual não se faz nada por aqui e tinha alguns currículos impressos pra começar a procurar trabalho, mas sem muita pretensão de conseguir algo.

Sai do escritório do PPS as onze da manhã, entreguei uns 4 currículos e comecei a caminhar na beira do Liffey, um belo rio que corta a cidade e a divide em zona norte e sul.

No meio do centro financeiro da cidade encontro um café muito tranquilo, reparo no staff e estão todos relaxados e sorrindo fazendo seu trabalho e pensei, caramba, eu quero trabalhar aqui também, nesse sossego!

Pedi pra falar com o gerente e, como não devo nada pra ninguém mesmo, disse exatamente isso, “cara, esse lugar é muito agradável, eu adoraria trabalhar aqui!”.

Sentamos e conversamos por quinze minutos tomando café, sei lá porque, ele gostou de mim e do pouco da minha historia que dividi. Sai de lá empregado.

Minha procura por trabalho num país ainda saindo da crise durou três horas... tem coisas que só acontecem comigo.

Comecei na segunda feira e é muito legal! Primeiro porque eu uso o serviço públicos de bicicletas chamado Dublin Bike que custa 10 euros por ANO. Demoro 10 minutos pra chegar no trabalho, vou por caminhos muito bonitos, na beira dos canais e do rio, sem absolutamente nenhum trânsito ou babaca buzinando e achando que bicicleta atrapalha.

Aqui é incrível a quantidade de ciclovias e do o tamanho do respeito de TODOS os veículos com os pedestres e bikes. ISSO É EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO, PORRA!

Enfim... trabalhando de segunda a sexta e com os finais de semana livres, vai me sobrar uma bela grana pra continuar viajando... e é exatamente isso que eu pretendo fazer...

Hoje acordei cedo e tava um baita sol... ainda é verão por aqui e eu acordei já me coçando pra sair.... pensei 5 minutos pra onde gostaria de ir e como não conheço nada pensei, porque não uma praia? Mas nem sabia o que encontraria... pesquisei mais 5 minutos so pra saber mais ou menos onde ir e decobri que existe um lugar chamado Howth, onde chega-se em meia hora de DART (sistema de trem irlandês) com uma estação atrás do Trinity College... nem pensei muito e fui... só com uma camisa curta... achando que ia andar uns 20 minutos pela tal praia e voltar...

Que nada!

O lugar é lindo, com picos de kitesurf e tem uma trilha maravilhosa! Uma das vistas mais lindas que já tive a vida! E como eu não sou de dar pra trás, encarei a trilha do jeito que estava mesmo... vistas de praias lindas, das baías e portos... é como a visão que os pássaros devem ter do oceano...  sol brilhando legal...

Aí pra completar... eu encontro o Rafael de Curitiba, do nada!, com uns amigos da escola de inglês dele... ficou ainda mais divertido... demos risada pra caramba e pegamos um passeio pra uma ilhota perto de Howth...
Primeiro parecia que era roubada, um frio desgraçado no barco conforme foi aumentando o vento e molhando todo mundo, mas depois o capitão parou na ilha e disse que nos pegava em uma hora.

Ainda bem que as meninas tinham uns lenços pra me emprestar e cortar um pouco o frio, porque o cabeção aqui tava congelando. Mas tudo bem, virou piada do Mujahidin terrorista.

Lindo o lugar! Demais mesmo... uma mistura de cores e um tipo diferente de líquen que fica dourado no chão e nas pedras. Vimos aguas vivas... exploramos uma estação de radio antiquíssima (parecida com um forte), com direito à escalada e tudo e de quebra vimos um monte de focas na praia!!!

Baita dia gostoso... mas tenho que voltar pra Howth... porque ainda tem muita trilha pra eu fazer com calma e tem uns pratos de frutos do mar que eu tenho que voltar pra experimentar!

Dublin tem se revelado muito mais especial do que eu qualquer dia imaginei.


Em breve mais noticias, até porque minhas passagens pra Oktoberfest em Munich já estão compradas! Ihaaaaa!!!!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

1# Portugal

A jornada começa partindo de Curitiba as sete da manhã, com um chá de aeroporto em Guarulhos (já esperado) até embarcar as 16:40 no voo da Lufthansa para Munich e, sem seguida, Lisboa.

Voo tranquilo, sem maiores problemas, fiz amizade com o senhor que estava ao meu lado, nas palavras dele, um uruguaio de Bruxelas. Escolheu há muitos anos passar seis meses em cada país. Não troca a cerveja trappist belga ou o legítimo mate uruguaio por nada nesse mundo.

A entrada na Europa foi muito tranquila, mesmo sem passaporte. É, aqui basta estar com a identidade de algum pais da UE e está dentro. Sem perguntas. Sem filas "rest of world" (sim, elas estão identificadas desse jeito).

Chegar em Lisboa foi uma sensação muito boa e por incrível que pareça, senti como se não tivesse deixado o local nos últimos cinco anos.

Pouco permaneci, já peguei o metro (aqui a pronúncia é métro e não metrô) pra Gare do Oriente e peguei um ônibus (autocarro) pra região do Algarve onde estou agora.

O Algarve tem esse nome por influencia da invasão moura. Há muitos nomes aqui com características arábicas, por assim dizer. A feira em Singes deixou isso ainda mais claro. Mas já volto pra esse assunto.

No primeiro dia já tive uma experiência muito legal, um churrasco com aproximadamente dez pessoas, sendo que havia gente do Brasil, Portugal, Hungria, Alemanha, Áustria e República Tcheca.

Cara, eu nunca mais tinha experimentado essas situações no Brasil e confesso que sentia muita falta.

Também conheci um brasileiro do Mato Grosso que é casado com uma austríaca e toca uma viola caipira de se tirar o chapéu. Cantei umas modas com ele e rolou uma nostalgia. Eu disse que achava viola de dez cordas uma coisa linda e ele me deu uma aulinha. Fiquei muito feliz de conseguir tirar algum som, até coloquei um video no instagram (felipegrigo).

Estava, como disse, há mais de cinquenta horas sem dormir direito, no máximos umas piscadas de meia hora nos transportes e lá pras três da manha eu desabei.

Acordei 14 horas depois.

Acordei já com o convite de ir pra Feira Medieval de Singes, e precisaria "fazer o favor" de ir pilotando a Suzuki 600 do meu anfitrião, já que ele iria com uma amiga no carro de dois lugares. Que triste pegar as belas estradas européias com uma senhora máquina.

A feira é Incrível! Eu esperava algo pequeno, com algumas pessoas fantasiadas e alguma muralha dando um certo clima.

Baita equívoco!

Uma coisa linda, logo na chegada da cidade, um monte com muralhas e uma silhueta do castelo super cinematográficas.

Quantidade grande de pessoas circulando pelas vielas e ladeiras forradas de barracas, pessoas vestidas de europeus medievais e também mouros. Vendendo suas comidas, roupas, artefatos de todo tipo. Musica ao vivo típica a todo tempo, apresentações de artistas de rua e tudo o que se pode imaginar pra sentir-se próximo do ano 1200.

Eu realmente viajei no tempo!

Alguns amigos nos esperavam por lá, com uma barraca que vende uma bela porção de assados à moda medieval, sangria, hidromel (aquele mesmo!), bebidas viking, cervejas artesanais. Enfim, tudo para eu me arrepender de estar pilotando uma moto e somente experimentar essas maravilhas.

As mesas são bem típicas de filmes e os assentos eram grande blocos de feno.

Show! aqui um pouco da feira: http://www.youtube.com/watch?v=1UbX_VJI05I

Ontem ainda acordei muito tarde, por causa do fuso fiquei todo perdido, fui à praia (muito bacana e não deixa nada a desejar às nossas praias, nem no mar, nem na areia, nem nas pessoas, muito bonitas por sinal).

Também caminhei por Faro (capital do Algarve) e descobri locais bem bonitos. Tudo muito limpo e conservado.

Tenho me divertido muito e falado inglês todos os dias, porque tem muita gente aqui de todos os lugares, estudando e trabalhando, e como o português não é lá das línguas mais fáceis de se aprender, o inglês salva todo mundo!

Hoje pela manha acordei (dormi as 4:30 e acordei as 7:45) pra correr atrás do meu passaporte eletrônico português e aqui copiarei o que já postei no facebook:


Preciso dividir minha difícil experiência com a burocracia portuguesa...


Cheguei na loja do cidadão as 9:15;



Peguei uma senha e aguardei cinco minutos, em uma confortável poltrona;


Foi-me requisitado, gentilmente pela atendente, tão somente uma identificação;


Em cinco minutos colheram minha fotografia, digitais e assinatura;

Peguei as taxas com a própria atendente, sem necessidade de guias ou bancos;



As 9:30 fui liberado e solicitado que retorne amanha as 17:00 para pegar o 
passaporte eletrônico.



IGUALZINHO AO PROCEDIMENTO DA POLICIA FEDERAL!
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Tem bastante foto no meu instagran - felipegrigo e também no facebook `Felipe Rigo


Espero que tenham gostado!
Até a próxima!







segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ansiedade

A menos de uma semana para minha partida, me peguei ansioso nos últimos dias, mais do que gostaria.

A ansiedade é coisa antiga, desde que começamos a nos preocupar com tudo aquilo que está fora do nosso controle, em especial, no caso da ansiedade, o futuro.

Os ensinamentos do Senhor Krishina no Bhagavad Gita nos exortam a buscarmos o “dourado caminho do meio” e, inicialmente, nos analisarmos interiormente para encontrarmos sentimentos, como a ansiedade, dentro de nós mesmos.

Encontrei e não gostei.

Respirei fundo, meditei e orei ao Senhor Jesus para que me auxiliasse.

Me lembrei do belo e azedo livro de Eclesiastes: “Afaste do coração a ansiedade e acabe com o sofrimento do seu corpo, pois a juventude e o vigor são passageiros”.  

Também me veio a mente o evangelho de Mateus, que inicia um de seus versículos de forma muito acalentadora, dizendo: “Por isso vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida...

O Senhor Buda também ensina que em momentos de ansiedade e inquietação devemos focar em nossa respiração e no momento presente.

São formas simples de nos ligarmos ao sagrado e perceber que tudo o que está no futuro encontra-se fora de nosso controle, contudo, a fonte de todas as coisas, o espírito criador, Deus, por meio de sua inteligência cósmica, de tudo cuidará e tudo proverá.

É mais do que certo: tudo acontece exatamente da forma como deveria ter acontecido.

Porém, comecei a escrever esse post na sexta passada às 18:00 e não consegui terminar, faltava alguma coisa, sei lá o que me chamava pra tomar um axé e uma benção especial.

Fui conversar com uma entidade de luz que não conhecia e, pra minha surpresa, a simpática senhora me saúda, me dá um breve passe sobre a testa e afirma certeira:

- Tá ansioso né, fio?
- Estou sim, senhora...
- Fio, ocês qué sabê do futuro e segurá o tempo cas mão, mas ele escorre pelos dedo e cês fica cheio de caraminhola na cabeça. Pensa no agora, fio. Aí ocê se acarma, porque percebe que já tem tudo o que precisa pra ser feliz.

Embasbacado, mas não surpreso, continuo minha pequena consulta com a doce entidade que se declara Mãe Setembrina.

Depois de muitos minutos em que ela tentou lembrar da tal palavra “moderna”, com o meu auxílio e das cambones, finamente disse bem alto, BOICOTAR!

- Boicotá, fio, só ocê pode fazê isso cocê mesmo.

Mas uns dedinhos de prosa, comentei que estava de partida para uma volta ao mundo.

- Volta nu mundo intero? Isso é muito longe, fio(!) (riu docemente e me olhou com ternura) - Eu passei a vida inteira no mesmo lugar depois que me colocaram naquela coisa e cruzei o mar, mas eu agora adoro passear e vou junto cocê!

Me abençoou em nome do Senhor Jesus e arrematou:

- Ocê tem muita intuição, fio, confia nela!

A três dias da viagem, com ou sem ansiedade, seja na situação que for, nunca mais me esquecerei:

- Respirar direito;
- Pensamento no presente;
- Já temos tudo o que precisamos para sermos felizes;
- Confiar em Deus e na sua infinita bondade.

Amém! E que Deus também te abençoe!

...até a próxima!