terça-feira, 30 de julho de 2013

Que sejamos luz.

Somos seres complexos e, praqueles que incluem a dimensão espiritual, ainda que não religiosa, nessa complexidade humana, naturais são os questionamentos sobre essa espiritualidade.

Esse despertar pode ou não ocorrer dentro de determinada religião, pois quando vivas, as religiões são sim caminhos de transformação para os seres humanos, mas não os únicos.

Transformação essa que, em se tratando de espiritualidade, certamente será para melhor.

Melhor, pois, mais sereno, mais gentil, mais pacífico, mais compreensível, mais caridoso, mais generoso, enfim, mais amor e mais luz.

Tem ficado até chata e repetitiva essa história de todo mundo buscar o seu “eu”.

Contudo, é tão urgente e necessário que os homens e mulheres realmente se conheçam e respeitem a si mesmos, que a repetição do discurso e até do grito é fruto do desespero e frustração que tanto encontramos em nossos irmãos hoje em dia.

Precisamos de mais luz no mundo. De mais pessoas que estejam dispostas a não somente fugir das trevas, mas verdadeiramente buscar a luz, para então, cheios de amor divino, tornarem-se a própria luz por onde caminharem.

Não há como, pois, que uma vez tendo encontrado Deus, o ser humano espiritualizado não demonstre caridade em seu agir. Caridade tem muito de doar-se, mas prioritariamente constitui-se por importar-se com o próximo.


Que nossa busca por autoconhecimento não seja mais uma das tantas formas de bajulação e endeusamento de nossos egos, mas um exercício diário de desapego e amor maior.

"Pedi a benção a Krishna
e o Cristo me abençoou,
orei ao Cristo
e foi Buda que me atendeu,
chamei por Buda 
e Krishna me respondeu".


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia dos avós: by “lambari”.

Hoje é dia dos avós, em homenagem aos pais de Maria, mãe de Jesus na tradição Católica.

Eu praticamente não conheci os pais do meu pai. Partiram dessa existência quando eu era muito pequeno e a única lembrança que tenho da minha avó paterna foi uma visita em sua casa, eu deveria ter uns quatro anos de idade.

Me lembro de que ela estava sentadinha no sofá e não se lembrava de quem era meu pai. A velhice possui um lado triste também.

Cresci mesmo foi na casa dos meus avós maternos, apesar de eu sempre chamar de “casa da vó Cida”.

Meu avô materno eu conheci bem, sempre achei seu nome muito bonito: Áureo.

Magrinho como um passarinho e absolutamente em todos os momentos com o companheiro entre os dedos, a fumaça azulada sempre ao entorno e o cheiro nicotinado em todos os abraços. Abraços com muito carinho em que eu sentia as suas costelas e ficava impressionado com tamanha magreza.

Carinhoso, sim, nos presenteava com balas toffee e ensinava a torcer para o Corinthians.




E teve a minha vó Cida (pausa pra respirar fundo).

Essa grande mulher foi (é) uma das figuras mais importantes da minha vida.

O abraço de mãe ursa com o sempre presente sorriso que espremia seus olhos ao me ver chegar e dizendo “Ele chegoooou”.

Eu era magro, muito magro mesmo (oi, vó?), não comia nada (segundo o que me dizem) e causei preocupação por causa disso na infância, tomei Biotônico Fontoura, Calcigenol e uma série de outras receitas pra ver se resolvia o tal problema.

Mas quem me tratou mesmo foi a vó Cida.

Mingau de aveia e maizena todas as manhãs (à época eu madrugava com facilidade por causa do calor escaldante) e o ovo quente inigualável. Não sei como ela fazia, mas a clara do ovo ficava cozida e a gema semimole. Era quebrar a ponta da casca, colocar uma pitada de sal, beber a gema e raspar a clara.

Delícia!!!

Ela cozinhava como ninguém. Aprendi com ela muito do que sei de cozinha. Virei muito nhoque, bati muita massa de bolo e torta, martelei muito bife de segunda (o melhor que já comi em todos os tempos) e me esbaldava com todas as “sobras” de tudo o que não era servido.

Somente naquela cozinha eu vi uma das coisas mais bonitas em termos de magia culinária.

A feitura da bala de coco gelada!

Ela tombava mais de um quilo de liquido fervente de açúcar na pedra fria e esticava aquela massa no ar, com as próprias mãos, esticando e batendo novamente uma ponta na outra, fazendo “plac, plac, plac”, conforme aquilo ia se transformado de transparente para cor branca e “enchendo de ar” como ela mesma dizia.

Ela não utilizava luvas. Não precisava, apesar da alta temperatura, era uma afronta a qualquer análise de segurança do trabalho.

Nunca vi nada igual.

Ela tinha um salão de beleza nos fundos da casa, com o qual criou os cinco filhos e pagou religiosamente as parcelas da casinha no bairro humilde de Araraquara, no interior de São Paulo.

Eu me divertia com tudo aquilo e pintava o casco da Xuxa com várias cores de esmalte (Xuxa era o cágado que cresceu comigo e adorava comer as minhocas que eu tirava da terra).

A casa da vó Cida tinha tudo o que era bicho: cachorro, papagaio, periquito, tartaruga, coelho e chegou a ter até macaco. Era a incrível paixão dela pelos bichos e a mentalidade da época que permitia. Quem sou eu pra julgar.

Mas eu gostava mesmos era dos passarinhos que pousavam livremente e desfilavam nos pés de jabuticaba, caqui, pitanga e tantos outros.

Ela cortou meu cabelo durante toda a infância e, pra fazer o "pezinho", pedia pra eu procurar a lagartixa no chão. Sempre dava certo pra ela cortar direito. Só que uma vez eu achei de verdade, o pequeno lagarto estava lá e a alegria foi tanta que rimos até chorar.

Não tem como não chorar de novo lembrando disso agora.

Minha avó ameaçava, mas nunca me bateu de verdade. Eu respeitava ela pra caramba, não só porque ela era durona, mas porque não podia cogitar que ela ficasse triste comigo, nunca por medo.

Ela era Católica e sempre que ouvia uma notícia ruim na televisão ou no rádio (ela adorava o programa do Madalena), dizia: - Mais pode Deus!

Durante muitos anos eu ouvi: Mais pó de Deus! E imaginava um velhinho barbudo jogando poeira mágica sobre a terra.


Lambari é um peixe de rio, pequeno, esperto e bom de briga. Mas pra mim é e sempre será o apelido carinhoso que minha vó Cida me deu.

Sorte a minha por ter convivido com essa criatura por tantos anos na minha vida e vou guardá-la pra sempre no coração.

Feliz dia dos avós!
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Se você gostou desse texto e tem coisas legais pra contar sobre seus avós, divida comigo! Aqui nos comentário ou por email felipegrigo@gmail.com


Até a próxima!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Não interrompa! Seja generoso...

Uma conversa que tive ontem revivendo e praticando meu sotaque lisboeta, somada a um vídeo compartilhado por um amigo e algumas leituras de hoje me fizeram questionar o quanto somos parciais e consequentemente, injustos.

Um grande problema sobre a parcialidade não é necessariamente o fato de corresponder ou não à uma “verdade” ou parte da verdade.

O problema é a limitação.

Opiniões são necessárias para que hajam discussões saudáveis e discordar nos faz questionar nossos pontos de vista.

Contudo, também percebo o quanto deixamos de ser generosos em nossas conversas do dia a dia.

Me peguei reparando na forma como as pessoas tem se comportado durante as conversas e a grande dificuldade que temos em não opinar ou “completar” o que o outro nos fala, geralmente com frases iniciadas com “Eu acho que...”ou “Eu penso que...”.

Isso é quase automático, mas muito pouco generoso querermos sempre dividir algo que acontece conosco quando fomos somente convidados a sermos ouvintes.

Proponho um exercício.

Das próximas vezes em que alguém quiser dividir algo contigo, não responda imediatamente com sua opinião ou alguma experiência pessoal.

Apenas escute atentamente (não mexa no bendito celular!) e quando a pessoa der todos os sinais que despejou tudo, incentive-a questionando o que ela sente a respeito do que acabou de falar ou como ela gostaria que as coisas fossem a respeito daquilo.

Não se estenda. Continue ouvindo com atenção.

E quando surgir aquela vontade extremamente forte de interromper seu amigo para, telepaticamente, completar a frase que ele iniciou ou concordar com um “aham”, somente respire, fundo se necessário, mas não fale...

O resultado pode ser muito interessante!

Se quiserem dividir comigo (acho muito legal quando acontece) comentem aqui no blog ou me mandem por email no felipegrigo@gmail.com

Até a próxima!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Desentulhe-se e faça o bem!

Uma boa época pra desentulhar!

Existe uma enorme possibilidade de você ter coisas entulhadas.

Sim, a imensa maioria das pessoas possui um modelo de vida que fatalmente leva à acumulação e talvez você possa fazer alguma coisa a respeito. A respeito de si mesmo pra começo de conversa.

Tem bastante gente comentando da “neve” em Curitiba e do frio realmente considerável em boa parte do país. Pois bem, junte essas duas coisas e faça algo bacana.

Como? Desentulhe-se de roupas, agasalhos e cobertores que você não usa!

Primeiro, porque doar ou jogar fora coisas que estão tão somente tomando espaço é terapêutico. Eu falarei mais a respeito da minha própria experiência aqui no blog em outros posts, mas tenho convicção que com algum esforço encontrarás algo para passar pra frente.

Citando um pequeno exemplo, fazendo a limpa em eletrônicos eu encontrei a pequena quantia de nove fones de ouvido jogados em alguma caixa ou gaveta. Sinceramente, pra que ter nove fones de ouvido sendo que eu uso somente dois, sendo um com fio e um sem fio?

Não tive dúvida, dei os que funcionavam pra pessoas que estavam ouvindo musica no ônibus e na rua (alguns me olharam feio, mas todos aceitaram quando viram que era sincero) e joguei fora os que estavam com defeito.

Também selecionei e doei literalmente algumas malas de roupa. Roupa boa! Eu não usava porque emagreci, porque não achava mais bonita, porque eu nem lembrava que tinha. Mas estavam lá, ocupando espaço...

Voltando ao assunto desse post, dê uma olhada no seu armário e converse com as outras pessoas da sua casa se não morar sozinho.

Ajude alguém que precisa desse calor e ao mesmo tempo veja os resultados da “terapia de desentulho”.


Aqui no Paraná a campanha "doe calor" é bem legal e funciona todos os anos! Em outras cidades, praticamente todas as igrejas e prefeituras recebem doações nessa época e encaminham pra quem precisa.

Desentulhe-se e faça o bem!

O que você anda seguindo?

Seguimos e somos seguidos diariamente.

Seja nas redes sociais, nos interesses pessoais, nossos ídolos, modelos e também perseguimos a bendita informação tão (super)valorizada ultimamente.

Mas isso te basta? Te completa? 

Certa vez ouvi que a jornada pra dentro de si mesmo é tão perigosa quanto uma viagem por recantos desconhecidos.

Você tem ouvido aquela "voz" insistente que pede um pouco de atenção para o que realmente faz teu coração vibrar? Aquele assunto do qual você raramente cansa e que faz teus olhos brilharem?

Preste atenção um pouco em você, aquiete sua mente, respire...

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Ainda que seja tarde
Na opinião daqueles tantos
Sempre em consonância com a ilusão diária
Faça de si algo mais que um fim ensimesmado

Ainda que lhe provoquem
Aqueles tantos amigos da previsível estabilidade
Dissonantes dos sonhos, amigos da mortalha
Não aceite ser tratado como gado

Ainda que pareça loucura
Para todos os que tem carro, carreira e previdência privada
Dê a largada e largue tudo para trás
Nem espere para ver o resultado

Ainda que lhe censurem
Pela coragem que lhes falta
Siga a bússola do seu coração
Antes que seja tarde

E se errando se acerta mais
Peque pelo excesso de milhagem
Recalcule a rota quando necessário

Faça da sua própria vida uma viagem...